Na noite desta quinta-feira (27), o Sinasefe-SP promoveu junto ao Campus IFSP de Itaquaquecetuba uma importante palestra sobre combate ao racismo. O auditório do Instituto ficou lotado para ouvir a advogada, especialista em Gênero e Violências Cláudia Patrícia de Luna.

“Também sou educadora e me sinto em casa. Estou feliz por estar aqui dialogando com vocês”. A alegria da palestrante encontrou olhares atentos a tudo que era dito. E, assim, o tema espinhoso foi abordado de forma simples e direta, trazendo exemplos muito próximos da realidade do público.

Inspirada na filosofia africana Sankofa, a palestrante lembrou a importância de conhecer o passado para analisar o presente e construir um futuro livre do racismo. 

“Muitas vezes nós nas conversas de família ouvimos que ‘a bisavó ou avó foi laçada’. Isso significa dizer que ela resistiu bravamente para não ser estuprada. Todos nós que estamos aqui nessa sala somos diversos, altos, baixos, negros ou não. Somos diversos assim por conta de um processo de miscigenação? Não. Nós precisamos reconhecer que somos todos a base de um processo de miscigenação nas Américas, e sobretudo no Brasil, que tem como fato ou causa anterior a violência promovida a partir da naturalização do que se chama, hoje, de cultura do estupro. Se a gente não olha para trás, a gente não consegue compreender, por exemplo, porque o nosso país é o quinto do mundo que mais mata mulheres”, frisou Cláudia Luna.

O professor e coordenador do Sinasefe-SP Rogério de Souza frisou a importância de mais ações antirracistas no Instituto Federal de São Paulo e fez um convite à comunidade do Instituto, “a Cláudia trouxe a questão do desenvolvimento da ciência na trajetória dos povos africanos, que é pouco mencionada. Discutam a formação da sociedade brasileira de maneira profunda! E não tem como falar do Brasil e do mundo sem falar da contribuição da população negra. Conversem com as professoras e os professores de vocês, conversem com os gestores e vamos combater este mal que existe na sociedade. Numa instituição de ensino que tem no seu nome a palavra educação, ciência e tecnologia, a gente não pode se furtar de aprofundar esses princípios. Um dos princípios do IFSP é a construção de uma sociedade emancipada e não apenas preparar vocês para ingressar no mundo do trabalho. É mais do que isso, é transformar todas e todos em sujeitos de sua história”, alertou Rogério.