A máquina da morte, intensificada em seu movimento no último dia 28 de outubro de 2025, na cidade do Rio de Janeiro, sob o governo de Cláudio Castro, do Partido Liberal, não deve ser lida como um evento episódico ou uma ação isolada ou mesmo como um mero erro de dosagem no grau de violência policial.
A história da formação social latino-americana, particularmente a brasileira, desde sua etapa como extensão inicial do território econômico da expansão colonial europeia, portuguesa, sob a regência da burguesia comercial em aliança com a aristocracia latifundiária e a Igreja Católica, foi marcada pela atroz violência genocida contra as massas populares nativas e transplantadas, indígenas, africanas e europeias. Lembremos, da destruição do Quilombo dos Palmares em 1694, do Massacre de Canudos em 1897, do Massacre do Contestado de 1912, do Massacre do Paralelo 11 em 1960, do Massacre da CSN de 1988, do Massacre do Carandiru de 1992, do Massacre de Eldorado dos Carajás de 1996, do Massacre de Pau d`Arco de 2017 e tantos outros episódios que devemos rememorar como parte da longa e dura marcha dos povos trabalhadores do mundo por sua efetiva liberação.
Destarte, o que aconteceu no Rio de Janeiro foi uma violência direcionada, uma ação deliberada de extermínio contra a população que reside nas Comunidades do Complexo do Alemão e do Complexo da Penha. Os milhares de tiros disparados pelas forças policiais demarcavam um destino preciso, uma trajetória específica de alvo: a execução de segmentos da classe trabalhadora, sobretudo, sua parcela pobre, preta e jovem.
Esta violência covarde, em um cenário de execução sumária, com requintes de extrema crueldade, alinha-se a um contexto político mais amplo, internacional, caracterizado pela ascensão do extremismo de direita, que avança brutalmente com suas pautas de ódio e racismo, dizimando qualquer noção de cidadania, dignidade e direitos humanos. A Faixa de Gaza, com o extermínio do povo Palestino, talvez seja o exemplo mais aterrador, emblemático e extremo do terror colocado em curso pelo imperialismo e o neofascismo. Se o mundo compactuou com o genocídio da população Palestina, por que não iria também compactuar e ficar em silêncio diante de mais um extermínio em outra região da periferia mundial?
O extermínio conduzido sob o governo Castro, no Rio de Janeiro, materializa o sentido principal da política neoliberal dirigida aos trabalhadores, especialmente aos amplos setores marginalizados que formam o maior contingente humano na imensa periferia do sistema capitalista mundial, no caso específico do Brasil a população negra. Qual seja, a combinação política neoliberal entre Estado e direitos sociais mínimos e Estado e direito repressivo máximo para as massas trabalhadoras.
Situação agravada pela atual aliança política entre forças burguesas neoliberais e setores médios neofascistas, que procuram colocar em xeque a própria noção liberal de Estado Democrático de Direito. A implementação da necropolítica, em uma violência generalizada contra os condenados da terra, tem como condição a situação de estado de exceção, a constituição de um estatismo autoritário na condução da democracia, esvaziada progressivamente pelo modelo capitalista neoliberal.
A barbárie do dia 28 de outubro, extermínio de mais de uma centena de trabalhadores das Comunidades periféricas, ecoa o genocídio continuado em Gaza, conduzido pela política colonial do Estado de Israel. Cláudio Castro, no Rio de Janeiro, repercute o discurso vocalizado por Trump, que procura engendrar as condições ideológicas para intensificar a política de agressões aos países e povos do mundo, especialmente da América Latina, vejamos o assédio à Venezuela e à Cuba, que ousam não se vergar aos desígnios do imperialismo, conduzido pelos Estados Unidos e seus aliados.
É tarefa política fundamental que os trabalhadores organizados se mobilizem para impor a cessação de tais ações e definam uma campanha internacional de combate ao neoliberalismo, ao neofascismo e ao neocolonialismo, como linha política estratégica unitária e de massas para dar combate ao capitalismo como estrutura social ordenadora de todo um sistema de opressão, exploração, racismo, desigualdade e extermínio dos segmentos das classes trabalhadoras convertidos socialmente em supérfluos e descartáveis.
Chega de Massacre contra a juventude trabalhadora negra das periferias!
Chega de Massacre contra a população trabalhadora!
Chega de Massacre contra a população trabalhadora de Gaza!
Guararema/SP.
Escola Nacional Florestan Fernandes, 31 de outubro de 2025.
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