Desde o dia 20 de fevereiro, numa Assembleia Geral que contou com a participação de mais de 120 pessoas no saguão central do Câmpus São Paulo, os trabalhadores do Instituto Federal estão em “ESTADO DE GREVE” contra os ataques do governo Bolsonaro aos serviços públicos e direitos. Desde então, foram realizadas 28 assembleias locais para construir a mobilização e luta, com destaque à adesão massiva ao chamado das Centrais e movimentos (desde novembro do ano passado) à GREVE NACIONAL dia 18 de março.
No último período, no entanto, outro tema tomou conta dos noticiários, exigindo nossa atenção e reavaliação do calendário de lutas: a OMS (Organização Mundial da Saúde) classificou nesta quarta-feira (11) como PANDEMIA GLOBAL a epidemia de COVID-19 (Coronavírus).
Não podemos nos posicionar politicamente, em nome do Sinasefe-SP, baseados em achismos, por isso dados, estatísticas e pesquisas são tão importantes para que, em meio às incertezas, as medidas corretas sejam tomadas sem alarmismo e muito menos de modo imprudente.
A OMS e os países que estão enfrentando o pico do Coronavírus têm claro que os caminhos de controle são medidas individuais e coletivas combinadas, de prevenção de contágio e controle de fluxo populacional. A China só conseguiu controlar a rápida contaminação populacional depois dos habitantes de Wuhan permanecerem em isolamento domiciliar por 30 dias. A Itália, só depois de 7 mil casos confirmados e 350 mortes, tomou tal iniciativa, e ainda está tendo dificuldade em manter a população em casa. O isolamento na Itália vai até o dia 5 de abril.
No Brasil, cada região do país tem expressado o contágio de forma diferente. É importante que as medidas sejam regionalizadas. Em São Paulo, por exemplo, onde já existe transmissão comunitária entre a população, sendo o epicentro do Coronavírus no Brasil, medidas de controle de aglomeração e fluxo populacional são fundamentais.
Neste cenário, o posicionamento oficial da Reitoria do IFSP que em nota publicada nesta sexta-feira (13) comunica a suspensão temporária de atividades extracurriculares, como aulas inaugurais, posses, cerimônias e eventos acadêmicos no IFSP é insuficiente. Há que se considerar que toda aula é um evento acadêmico, onde se aglomeram em salas, nem sempre ventiladas, mais de 40 pessoas, bem como a necessidade de estender a determinação para todas as unidades do IFSP, inclusive para os trabalhadores terceirizados, sem distinção.
Compreender a excepcionalidade do momento e a importância da ampla concentração das ações em medidas emergenciais para o enfrentamento da crise são fundamentais. Consideramos e exigimos que a saúde dos trabalhadores do IFSP e da comunidade acadêmica sejam tratados como prioridade.
Independente da taxa da mortalidade do Coronavírus ser menor do que a de outras doenças (como a tuberculose ou o HIV), a grande preocupação é com sua rápida disseminação e agravamento em pessoas com doenças crônicas (hipertensos, obesos, idosos, pessoas com problemas respiratórios, etc.). Também destacamos que serão as pessoas mais pobres, em geral mulheres, pessoas negras e moradoras de favelas e periferias, que mais estarão vulneráveis.
Criticamos a inércia do Governo Federal e do Ministério da Educação (MEC), que não ofereceram uma resposta à altura da gravidade da situação, tratando de modo irresponsável essa ameaça, considerada como uma “fantasia” pelo presidente em seu pronunciamento oficial.
Mais do que nunca, é preciso defender o SUS (Sistema Único de Saúde). O governo Bolsonaro tem como meta destruir de forma rápida todos os direitos sociais que ainda restam em nosso país e entregá-los à iniciativa privada. Só com grandes mobilizações conseguiremos apontar para um projeto alternativo, um projeto dos trabalhadores e dos movimentos sociais, que se contraponha ao ajuste fiscal e derrote Bolsonaro.
É fundamental abrir o debate sobre medidas emergenciais para a proteção de todos os trabalhadores e trabalhadoras (formais e informais) e de seus empregos e renda, além de medidas específicas para os trabalhadores e trabalhadoras da saúde, educação e transporte público, que estão mais expostos ao contágio.
Nós, trabalhadores do IFSP, continuamos em “ESTADO DE GREVE”. A comunicação entre a Coordenação Funcional, as Coordenações de Base e os trabalhadores do IFSP serão mantidas, de modo a acompanhar a conjuntura e as posteriores e imprescindíveis mobilizações em defesa da Rede Federal e do serviço público. Para tanto, reafirmamos:
– A reivindicação de que a Reitoria suspenda as atividades administrativas e acadêmicas de toda a rede do IFSP;
– O cancelamento da AGE do dia 16 de março e da paralisação e manifestações do dia 18/03;
– A necessidade de um pleno diálogo e comunicação entre a Coordenação Funcional, as Coordenações de Base e demais trabalhadores do IFSP;
A luta não começou e nem termina hoje. Com a programação suspensa por força maior, o momento nos coloca outras possibilidades de mobilização, com utilização de outros recursos, inclusive virtuais, para intensificar o diálogo com a sociedade. Calados, não vamos ficar.
A partir desta segunda-feira, o Sinasefe-SP vai iniciar uma grande campanha, divulgando vídeos com depoimentos de estudantes ativos e egressos, trabalhadores e apoiadores sobre a importância dos Institutos Federais, e da luta pelos direitos sociais e democráticos no país. Participe, grave seu vídeo!
Instruções:
– Duração Máxima: 1 minuto
– Celular em posição horizontal
– Enviar para (11)98218-9552
Endereço:
R. Pedro Vicente, 625 - Canindé, São Paulo - SP, CEP: 01109-010
Email:
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Telefone: (11) 3228-7208
Celular: (11) 98377-0337