Acesse aqui a nota em formato PDF: Carta de repúdio (organizações estudantis e sindical, 10.5.2021)
Líderes que não agem através do diálogo, mas insistem em impor suas decisões, não organizam as pessoas – elas as manipulam.
Eles não liberam, nem são liberados: eles oprimem.
Paulo Freire
Longa foi a caminhada daqueles que lutaram por uma educação de qualidade. Nesta jornada, além dos profissionais da educação e da sociedade organizada, sempre estiveram presentes e foram fundamentais para as conquistas os movimentos estudantis. Proibidos de organização livre no período mais tenebroso da história do Brasil, a Ditadura Civil-Militar, reconquistaram com muita luta o direito de organização em grêmios, centros acadêmicos e outras formas de articulação. Hoje estão presentes em inúmeras instituições educacionais.
Os estudantes nunca se furtaram a dialogar, compreender as dificuldades e propor, conjuntamente, soluções para os obstáculos impostos pela realidade. Assim, nós que defendemos uma Educação pública, de qualidade, estatal, socialmente referenciada e amparada no diálogo e na gestão democrática, não podemos aceitar a forma como a nova Direção do Campus São Paulo se dirige às organizações estudantis desta unidade, com decisões autocráticas que rompem de forma unilateral acordos de convivência sobre o uso de determinados espaços pelas entidades representativas dos estudantes.
No último dia 23 de abril a Direção Geral do Campus São Paulo publicou um comunicado orientando as organizações estudantis a retirarem os bens que ocupam as salas utilizadas por essas agremiações. Não houve diálogo prévio, não houve negociação, não houve justificativa e, para piorar, esta decisão nem mesmo foi apreciada pelos órgãos colegiados do campus, com destaque para o Conselho de Campus (CONCAM).
Da mesma forma autocrática, a Direção do Campus São Paulo, juntamente com a nova Reitoria do IFSP, também determinou, de forma unilateral, que o SINASEFE-SP deve desocupar, no período de 90 dias, o espaço de sua sede que fica na parte interna do Campus São Paulo.
Além de serem ações descabidas num momento de Pandemia, em que até ações de despejos foram suspensas pela Lei 14.010/2020, estas duas ações recorrem à argumentações frágeis e carregam em si características comuns: desrespeito às organizações políticas dentro do IFSP e alinhamento às concepções defendidas por grupos ideologicamente referendados no Governo Federal, mais conhecida como “Escola sem Partido” ou, melhor dizendo, “Escola sem criticidade” – marcada pela falta de diálogo e pela mordaça. Infelizmente esses grupos têm encontrado respaldo em algumas gestões de campi de nossa Instituição e, mais recentemente, na própria reitoria. Tememos que essas ações sejam apenas a ponta do iceberg de uma gestão que não se sente constrangida em tolher a democracia e a participação de organizações estudantis e da classe trabalhadora.
Por isso, nós do IFSPDEMOCRÁTICO nos colocamos ao lado dos estudantes e suas representações, assim como das servidoras e servidores do IFSP e seu Sindicato, o SINASEFE- SP, e defendemos a permanência dessas organizações nos espaços atuais. Entendemos que o diálogo deve embasar toda decisão em qualquer campi do IFSP.
Basta de perseguição aos movimentos sociais, seja no IFSP ou fora dele. Por um Movimento Estudantil Livre, por um Sindicato Presente e por uma gestão verdadeiramente democrática e participativa. Nós do IFSPDEMOCRÁTICO defendemos:
#RespeitaoMovimentoEstudantilIFSP #SINASEFE-SPFica
São Paulo, 10 de maio de 2021
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