A greve nos Institutos Federais completa, nesta segunda-feira, 3 de junho, dois meses e atinge momento crucial. Nas semanas dos dias 15 e 21 de maio, docentes e técnico-administrativos esperançaram propostas de reajuste salarial e reestruturação das carreiras que atendessem, minimamente, as reivindicações dos trabalhadores e trabalhadoras da educação federal. Ao contrário, além de ficar muito aquém das solicitações iniciais das entidades representativas, o Ministério da Gestão e Inovação (MGI), responsável pelas tratativas, propôs 0% de reajuste para 2024 e indicou que a mesa de negociação findaria e que professores e professoras deveriam assinar, impreterivelmente, o acordo no dia 27 de maio.
Indignados com postura truculenta e anti-sindical, Andes, Fasubra e Sinasefe, legítimas entidades representativas dos servidores e servidoras das Universidades e Institutos Federais, realizaram suas assembleias nas mais de 100 seções Brasil afora e recusaram as propostas do governo. Contudo, com o objetivo de estreitar o diálogo e solucionar o impasse nas negociações, apresentaram contrapropostas para o reajuste salarial e reestruturação das carreiras.
Via e-mail desrespeitoso, o MGI demonstrou, mais uma vez, intransigência, indicando enfaticamente que a mesa de negociação para os docentes estava encerrada. Ao mesmo tempo, assinou, no final da tarde do dia 27, em seção secreta, acordo com entidade sindical cartorial. A justiça rapidamente anulou, entretanto, esse acordo fake. Nas greves de 2012, o governo federal adotou semelhante prática golpista às legítimas entidades representativas dos servidores e servidoras da educação.
Nos últimos 10 dias, as mídias convencionais e alternativas têm relatado as atrapalhadas e reveses do governo nesse processo de negociação.
É inteiramente culpa do governo federal a continuidade da greve. Além de não atender minimante as reivindicações do movimento paredista, assumiu, mais de uma vez, postura anti-sindical e tentou dar um golpe nas entidades que representam mais de 90% dos servidores e servidoras da educação federal.
Nesta segunda-feira, 3 de junho, terá, no início da tarde, uma nova reunião com o governo federal e espera-se que a mesa de negociação seja reaberta, pois, neste momento, todo esforço e desgaste empreendido por técnico-administrativos, estudantes e docentes para a concretização da greve corre o risco de naufragar, saindo, todos e todas, sem nada.
A greve ainda reivindica a recomposição orçamentária das Universidades e Institutos Federais. Atualmente, as Instituições Federais de Ensino possuem 40% a mais de estudantes do que em 2015, porém, o orçamento é o mesmo daquele ano, inviabilizando o aumento de recursos destinados à assistência estudantil, ao bandejão (pouquíssimos campi do IFSP têm esse serviço), aos insumos para pesquisa e à manutenção da estrutural predial. Até o momento, o Ministério da Educação não apresentou um plano de recomposição orçamentária para os próximos anos.
Portanto, a continuidade da greve, mesmo sabendo dos transtornos causados e prejuízos aos estudantes e servidores públicos de maneira específica e sociedade de forma geral, faz-se necessária para a concretização dos pequenos avançados quase alcançados, mas ainda não garantidos.
Nesta segunda-feira, a partir das 14 horas, Andes, Fasubra e Sinasefe se reuniram com o Ministério de Gestão e Inovação para dialogar sobre a possibilidade de reabrir a mesa de negociação.
Amanhã, 4 de junho, às 15 horas, a Seção São Paulo (estadual) do SINASEFE fará a sua Assembleia para apresentar os últimos informes e avaliar a greve.
A greve no IFSP continua!
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