Autores: Adelino Francisco de Oliveira e Gustavo dos Santos Cintra Lima – Instituto Federal de São Paulo, campus Piracicaba

Em uma guerra, os pobres são sempre os que mais sofrem. Contra os condenados da terra, os senhores da guerra podem se impor com toda força bélica e violência sem limites, pois não há instâncias internacionais que reivindiquem e façam valer o direito dos pobres. No contexto do oriente médio, historicamente o Povo Palestino sempre esteve em situação de maior vulnerabilidade, lutando pelo direito à autoderminação em seu próprio território.

O que está em curso na Faixa de Gaza nem sequer deveria ser categorizado como guerra, no sentido moderno do termo definido por Rousseau, como o confronto militar entre duas forças de Estado. O que se tem é a força militar descomunal de um Estado neocolonial, ponta de lança do Hegemon que encabeça o Sistema Capitalista Imperialista Norte-atlantista, cuja configuração pós-1991 encontra-se em crise. Estado neocolonial que se lança contra cidades inteiras, tendo como alvo toda população Palestina. Crianças e idosos são, por acaso, combatentes? Homens e mulheres desarmados sob cerco absoluto são, por acaso, combatentes? Mas em Gaza são apresentados pela imprensa burguesa Norte-atlantista, e por suas repetidoras, na periferia capitalista ocidental, como meras baixas de guerra, mortes legitimadas no decurso do conflito militar.

Contra concepções éticas difundidas inclusive pela filosofia burguesa desde o movimento das luzes, que definem condutas legítimas na guerra, e mesmo ao arrepio do direito internacional, a população Palestina, na Faixa de Gaza, tem sido sistematicamente atacada, em um aberto e evidente processo de extermínio generalizado. Não há outro nome, o que está em curso em Gaza é um brutal genocídio, pois o que o governo sionista de Israel almeja é a devastação total, o controle e tomada do território e a incondicional subordinação do Povo Palestino que restar na Faixa de Gaza. No genocídio contra os Palestinos e Gaza, Israel se projeta como Estado acima da lei e do direito internacional.

Em 2 anos de ataques, em um conflito deflagrado em 7 de outubro de 2023, a Faixa de Gaza já conta com a morte de mais de 67 mil Palestinos. O assustador número de pessoas mortas já evidência que o mundo está diante de uma agressão militar neocolonial, de extermínio de todo um povo. Tal violência tão aberta e brutal, só se tornou possível graças à conivência das potências internacionais, notadamente com o apoio político-econômico-militar dos EUA e dos vassalos Estados burgueses europeus.

O Ocidente, mesmo com toda sua pretensa superioridade ética, hipocritamente sustentada na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 10 de dezembro de 1948 – “ironicamente” o mesmo ano da criação, sob o beneplácito da ONU, do Estado burguês sionista de Israel -, segue em silêncio diante deste crime contra a humanidade, sem promover uma intervenção eficaz, capaz de garantir o mínimo de justiça ao povo Palestino. A necropolítica do sionismo que comanda o Estado de Israel desde sua fundação acaba sendo legitimada pela falta de ação das potências ocidentais.

O paradoxo histórico é que agora quem promove o sacrifício (o holocausto para se ter justeza no termo) de todo um povo é aquele que só teve seu direito reconhecido, a partir de 1948, justamente por ter sido ameaçado de extermínio, mediante a solução final do captalismo  alemão, sob o nazismo de Adolf Hitler. Mas parece que o mundo, particularmente o Ocidente, já se esqueceu do que a extrema-direita nazifascista é capaz de produzir. Talvez o mundo já não se lembre mais da face do extremo manifestada nos horrores de Auschwitz.

A Flotilha da Liberdade, Sumud – significante árabe que nomeia a disposição inquebrantável do povo Palestino por sua liberdade e autodeterminação política, militar, cultural econômica -, com a missão humanitária de levar suprimentos e medicamentos à Faixa de Gaza, desvela-se como um lampejo de esperança, para uma humanidade decadente e perdida sob a nódoa do capitalismo. Torna-se urgente recuperar o senso moral da humanidade trabalhadora, a partir da afirmação dos direitos humanos dos trabalhadores, respaldado no direito internacional dos povos. Em uma ação internacionalista, a Flotilha da Liberdade é integrada por mais de 40 ativistas de diversas nacionalidades, dentre eles está a vereadora da cidade de Campinas, Mariana Conti, do Psol, que esteve mais recentemente, em diálogo formativo com servidores e estudantes, no campus Piracicaba, do Instituto Federal de São Paulo. 

Fundamental reforçar a carta de reivindicações das forças políticas da resistência palestina: a) cessação imediatamente de toda agressão e retirada das forças neocoloniais sionistas de ocupação dos territórios palestinos; b) cessação do cerco à Gaza e à Cisjordânia; c) criação de um corredor humanitário na Faixa de Gaza é o propósito fundamental da missão nobre, solidária e urgente da Flotilha; d) encaminhamento para efetivação do Estado palestino com base nos territórios definidos nas resoluções da ONU, como condição primordial para se iniciar a consolidação política do Povo Palestino em Nação.

O Sindicato Nacional dos(as) Servidores(as) Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), em sua seção São Paulo, manifesta todo apoio à Resistência Popular Palestina! Por uma Palestina livre do Rio ao Mar!