Neste 25 de Julho, celebramos o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela.
Saudamos especialmente todas as mulheres negras que lutam por uma educação pública antirracista e de qualidade em nosso país.
Lembramos a luta e a resistência das que vieram antes e seguem vivas como referências para a construção de um futuro livre do racismo, do machismo e de toda e qualquer forma de opressão.
Compartilhamos, abaixo, a reflexão da secretária-adjunta de políticas para mulheres do SINASEFE Andréa Moraes (originalmente publicado no site do Sindicato Nacional):
A maioria daquelas que estão no campo da luta feminista sabe a importância das datas para relembrar nossas histórias, memórias e lutas sociais. Precisamos lembrar constantemente que elas revelam os silenciamentos históricos de vozes como as de mulheres, principalmente as negras, latino-americanas e caribenhas. Como nos diz Lélia Gonzalez sobre o sistema ideológico da dominação capitalista, colonialista e patriarcal: “[Ele] Suprime nossa humanidade precisamente porque nos nega o direito de ser sujeitos não apenas de nosso próprio discurso, mas de nossa própria história.”
Disto, a importância de levantarmos nossas vozes todos os dias, mas principalmente no dia 25 de julho, em pleno século 21. Nele, relembramos a luta dessas mulheres que reunidas em 1992, estabeleceram-na com a finalidade de estimular a reflexão sobre o papel das mulheres negras da América Latina e do Caribe, no Primeiro Encontro de Mulheres Negras da América Latina e Caribe, em Santo Domingo, na República Dominicana. Ao mesmo tempo, aqui no Brasil, é celebrado o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder quilombola de Quariterê.
Nesse sentido, aponta-se a necessidade de duas reflexões básicas. Por um lado a fundamental reflexão sobre a particularidade histórica da opressão e exploração das mulheres negras da América Latina e Caribe, tendo sua expressão máxima na colonização de seus territórios e corpos e que como nos revela, mais uma vez ,Lélia Gonzalez: “estão subordinadas a uma latinidade que legitima sua inferioridade”. E por outro lado, nos remete ao (re)conhecimento de que nossas lutas foram construídas ao longo da nossa história por mulheres como Tereza de Benguela. Lutamos e resistimos frente a todo esse contexto, que tenta invisibilizar nossas vozes e legados.
Portanto, precisamos compreender que na periferia do sistema, vivendo sob um capitalismo de desenvolvimento tardio, o Brasil foi estruturado com base na mão-de-obra escrava, africana ou indígena. É evidente, que nesse contexto, ressaltamos o papel das mulheres escravizadas. Capitalismo, colonialismo, racismo e patriarcado se entrelaçam para enriquecimento de nações europeias e suas classes dominantes. Pela consequência desse processo histórico no qual o país foi construído, mulheres pretas da classe trabalhadora sempre ocuparam a base da pirâmide social. E são elas mesmas, que carregam em sua história e em suas mãos a construção desse país tanto nos espaços de produção econômica quanto nos de reprodução social.
E são essas mulheres que devem ser lembradas, celebradas e chamadas à luta! E eis a importância de ressaltarmos a nossa história, todos os dias, para que não deixemos esquecer que existimos e, por existirmos, gritamos.
Dandara, Tereza de Benguela, Carolina Maria de Jesus, Acotirene e todas as mulheres negras que estão na luta cotidiana por uma revolução e pela construção de um outro mundo, através do Poder Popular.
Nomes que devem permanecer gravados na mente e na história do Brasil: mulheres de luta, de resistência. Que construíram em seus espaços a força coletiva necessária para não desistir de mudar a realidade na qual estavam inseridas. O dia de hoje, 25 de julho, existe com o objetivo de não esquecê-las, mas principalmente, de dar continuidade ao legado delas. A luta emancipatória, contra o capital, é a mesma luta antirracista rumo à destruição de quem nos explora por enriquecimento e alimenta a pirâmide que pisoteia diariamente mulheres pretas.
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